Estatística Experimental

Aula 07 | Princípios básicos da experimentação

Filosofia de publicação (Selo DC)

Livro de Apoio

Usaremos Batista (2025):

Introdução

  • A experimentação é fundamental para engenheiros resolverem problemas reais.
  • Permite avaliar, comparar e otimizar sistemas e processos.
  • Baseia-se em princípios estatísticos e planejamento adequado.

Por que experimentar na engenharia?

  • Engenharia Civil: Avaliar resistência de materiais, desempenho de estruturas.
  • Engenharia Mecatrônica: Otimizar controle de sistemas, calibrar sensores.
  • Decisões fundamentadas em dados → confiabilidade e segurança.

Elementos de um experimento

  • Fatores: variáveis controladas (tipo de concreto, velocidade do motor).
  • Níveis: valores testados para cada fator (traços, RPMs).
  • Tratamentos: combinações específicas dos níveis.
  • Respostas: o que se mede (resistência, erro do sensor, vibração).

Princípios da experimentação (Fisher)

1. Repetição

  • Replicar tratamentos → estimar variabilidade.
  • Aumenta precisão dos resultados.

Exemplo Civil: Testar 5 corpos de prova por tipo de concreto.

Exemplo Mecatrônica: Rodar o mesmo teste de posição com 10 repetições para estimar erro médio do encoder.

2. Casualização

  • Sorteio na alocação de tratamentos → evita viés sistemático.
  • Neutraliza efeitos de fatores não controlados.

Exemplo Civil: Sortear ordem de ensaio dos corpos de prova para evitar influência do tempo de cura.

Exemplo Mecatrônica: Aleatorizar a ordem de testes de diferentes algoritmos de controle para evitar aquecimento do motor como fonte de variável indesejável.

3. Controle local (ou blocagem)

  • Agrupar unidades experimentais semelhantes → reduzir variabilidade.

Exemplo Civil: Blocar os ensaios por tipo de solo (argiloso vs arenoso).

Exemplo Mecatrônica: Blocar testes de resposta do atuador por temperatura ambiente (25°C e 35°C).

Exemplo 1 — Engenharia Civil

Problema: Comparar a resistência à compressão de dois traços de concreto (A e B).

  • Fator: Tipo de traço (A, B)
  • Níveis: 2
  • Resposta: Resistência (MPa)
  • Repetição: 5 corpos de prova por traço
  • Casualização: Sorteio da ordem de moldagem
  • Controle local: Moldagem feita no mesmo dia (mesmo lote de cimento)

Exemplo 2 — Engenharia Mecatrônica

Problema: Avaliar o desempenho de três algoritmos de controle de velocidade.

  • Fator: Algoritmo (PID, LQR, fuzzy)
  • Níveis: 3
  • Resposta: Erro médio de velocidade (RPM)
  • Repetição: 10 execuções por algoritmo
  • Casualização: Ordem dos testes sorteada
  • Controle local: Temperatura do motor monitorada e mantida constante

🧠 Filosofia do Planejamento Experimental

“Se você não pode medir, você não pode melhorar.” – Lord Kelvin

  • O planejamento experimental é mais do que estatística.
  • É uma forma de pensar: sistemática, crítica e controlada.
  • Surge da necessidade de entender causas reais, e não apenas observar efeitos.

O que caracteriza a filosofia do planejamento?

  • ✅ Curiosidade técnica: O que realmente afeta minha variável de interesse?
  • ✅ Organização: Como vou isolar os efeitos dos fatores?
  • ✅ Eficiência: Como extrair o máximo de informação com o mínimo de ensaios?
  • ✅ Controle: Como reduzir a influência de ruído e incerteza?
  • ✅ Repetição e humildade: Aceitar que variabilidade existe e precisa ser quantificada.

Exemplos de má filosofia (sem planejamento)

  • Testar “na intuição” → sem controle de variáveis.
  • Mudar vários fatores ao mesmo tempo → não sabemos o que causou o efeito.
  • Confiar em um único resultado → sem repetição = sem confiança.

Filosofia em ação — Engenharia Civil

  • Antes de moldar concretos, perguntar:
    • Que fatores de fato afetam a resistência?
    • O tipo de cimento, a relação a/c, o tempo de cura?
  • Planejar ensaios que revelem essas influências de forma isolada e combinada.

Filosofia em ação — Mecatrônica

  • Não basta “testar algoritmos” de controle.
  • Pensar:
    • Em que condições eles falham?
    • O comportamento muda com a temperatura?
    • A planta é linear ou não-linear?
  • Planejar testes que revelem o porquê do desempenho.

Conclusão: do improviso ao experimento

Prática empírica Filosofia experimental
Tentativa e erro Planejamento estruturado
Teste único Repetições + variabilidade
“Vamos ver o que dá” Hipótese + controle + análise
Resultados duvidosos Confiabilidade estatística

Pensamento final

“Planejar um experimento é o primeiro experimento.”
— G. E. P. Box

Conclusão

  • A experimentação é essencial para validação de soluções em engenharia.
  • Os princípios de Fisher (repetição, aleatorização e controle local) garantem resultados confiáveis.
  • Planejamento adequado evita retrabalho e erros de interpretação.

Questões?

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Referências

BATISTA, B. D. O. PLanejamento e Análise de Experimentos. Ouro Branco, MG, Brasil: [s.n.], 2025.