Capítulo 5 Declarações
5.1 Introdução
Um forte de Ciriégola são as suas declarações. Declarações para a sua juventude, para seus ídolos, comunidades, suas ferramentas de trabalho, para suas musas. E como ele mesmo menciona em uma de suas poesias8, “O artista é aquela cara que não é casado nem solteiro, tem compromissos com o momento”. É algo tão poético e genérico, que o leitor pode levar como inspiração as suas próprias declarações. Apreciem com muita paixão.
5.2 Poesias, prosas e textos
5.2.1 Cratera De Paixão
Vou penetrar Por dentro do castelo Destes teus mistérios Da tua ilusão Teu coração, piramidal singelo É uma cratera negra de paixão És uma estação em outra estação Uma estranha no ninho Que a canção prediz Só terá final feliz Em outra encarnação Ah, quanto tempo eu previa Cantar uma canção pra ela Apaixonado de amor De verão a primavera É uma emoção em outra emoção Uma garrafa de vinho Que eu tanto quis Fazê-la aprendiz E dona do meu coração
5.2.2 Escrava De Ouro
Você nasceu livre qual bicho Bendita deusa mulher Mas o destino bandido Lhee fez uma escrava qualquer Ó linda escrava de ouro Minha vida, meu tesouro Forte parte do meu ser Venha ver Que a minha lira soluça E este coração que pulsa Também sofre com você ...
5.2.3 A Viola
Minha viola velha e cansada Companheira nesta vida Hoje te vejo sofrida Num canto qualquer bem zelada Às vezes escuto a balada Música triste do destino Lembro-me, que som divino! Das tuas cordas saiam E as tuas notas bramiam Um som puro e peregrino Eu jamais disse ser dono Da tua virtude imortal Sou apenas serviçal Que não te impõe abandono És magistral no teu trono Crepúsculo de esplendor Irei pra onde você for Deste-me alento na vida Minha viola querida Por ti hoje eu sou cantador Não te encontrei por acaso Numa noite de setembro Eu choro quando me lembro A oferta de parnaso Era um lindo final de ocaso Água jorrando de um poço Agarrei logo em teu pescoço Lembranças que me comovem Tu eras ainda muito mais jovem E eu era ainda muito mais moço Deste-me tantos filhos na alegria Aliás, a tua forma é feminina Cantar foi sempre minha sina Sonhar foi sempre um canto de poesia Chegará certamente o nosso dia Final, e o final é sempre assim Que tua madeira seja o marfim Que guardarás meus restos no abrigo Assim, estarei definitivamente contigo E tu estarás eternamente em mim
5.2.4 Ação De Graças
Que minh'alma seja grata Ao Lennon: por ensinar a cantar o amor Ao Bruce Lee: pela esperteza na luta Ao Júlio Verne: pelas visões de futuro Ao Ghandi: pela luta pacifica Ao Malba Tahan: pela contextualização da matemática Ao Davi Yanomami: pelo amor a Terra Ao Mestre Alcides: pela sabedoria de suas ações À Dona Josélia: por ter aberto a porta para este mundo A Paulo Freire: por ensinar o caminho das letras A Eliphas Levi: pelo ministério da magia antiga À Clara Takaki Brandão: por ensinar a riqueza do nosso alimento Ao Oscar Niemeyer: pela beleza das curvas Ao Zamenhof: pela esperança da Neutrala Lingvo Ao Gibran: pela beleza dos seus versos Ao Salvador Dali: pela estética da loucura Ao Francisco: pelo amor aos animais Ao Castaneda: por ensinar o caminho do coração Ao Patativa do Assaré: pela poesia da nossa terra Ao Buda: por ensinar a grandeza da simplicidade À Aradia: por fazer renascer a velha religião Ao Waldo Vieira: por abrir a porta para outros mundos Ao Câmara Cascudo: pela grandeza do seu amor ao nosso RN Ao Léo Artese: pela sabedoria da Águia À Shika: por me presentear David e Aleph Aos Bill e Bob: por estar sempre de portas abertas Aos Panati: por ceder-nos o seu ADN Aos Pedreiros: por ensinar a construir colunas À Rosa e À Cruz: pelos belos ensinamentos Aos Martinistas: por aceitar-me como seus irmãos Ao Grande Espírito: por me ajudar a reencontrar Pachamama! Aho!
5.2.5 Quando Você Se Vai De Mim
Quando você se vai de mim é como se duas Bandas de minha alma gemesse e se partisse O universo todo conspirasse e se dividisse E minhas vãs alegrias ficassem pobres e nuas De mim quando você se vai é como se despisse A natureza sábia de todos os seus atributos E os encantos perdessem todos os seus astutos Modos de viver e o mito da magia se demitisse Quando o tempo bafejar-me com sua saudade E as lembranças ameaçarem minha felicidade Mudarei minha tática Invadirei seus domínios sem a mínima permissão Farei uma casa bem no centro do seu coração E você nunca mais permanecerá longe de mim
5.2.6 Meu Jeito De Te Amar
Quando digo que te amo Amo veementemente Minha outra parte Que por sorte Encontrou-te num pretérito Tão distante Quando dizes que me amas Amas simplesmente Tua outra parte Que a morte Não conseguiu separar Num futuro infindo Sei que te amo E tua alma não reclama Mesmo sem tocar na tua pele Nem deitar na tua cama Meu espírito se envaidece Se isso não procedesse Ou se mister assim não fosse Eu não sentia tanto a falta do teu cheiro Nem morria tantas vezes de saudades Sabes também que me amas E não reclamas, pois A distância do meu soma Para fazer-te mais feliz A Nutriz de todas as coisas Promove a saciedade de nossos desejos E num ensejo abrupto de um acalanto Jamais ninguém a desejou tanto Como a solidão dos meus tristes beijos Num futuro não muito distante Mediante os caprichos do destino Nossos Caminhos se cruzarão por certo Não mais seremos como corpos despertos Para o amor mundano da libido Penetrarei a nudez do teu espírito proíbido Como a loucura de uma fissão medonha Não me importa mais que o pudor se exponha Transformarei teu pranto em sorriso Que não se espante os céus com o nosso espasmo Com certeza pelo tamanho do orgasmo Será mais um vulcão aceso no paraíso
5.2.7 Poeta Louco
Me diz quanto queres Pelo teu coração Eu confesso que não sei O que fazer , não, não Me diz: - Vá buscar estrelas no céu! Eu vou! Me diz: - Vá buscar no mar O colar de Yemanjá! Eu vou! Se tu queres o mundo em tuas mãos Eu dou, eu dou Se é pra ser como a turma do rock Eu sou, eu sou Só não regule O direito sagrado Deste poeta louco Quero ver teu corpo frágil Em meu corpo vivo Sussurrar de amor Quero ver teu sangue forte Em meu sangue plebe Explodir de amor
5.2.8 Jusa
Ó Jusa Dos olhos sem mágoas Eu vou nessas águas Encontrar meu céu Ó Jusa, coração garrido Este peito sofrido Chora por você Ser sonhador Não é tão vergonhoso Um amor escondido Faz a gente viver Ó Jusa, você torna a vida linda Cheio de amor É tudo prazer Por isso é que vive o poeta Seria bom se eu tivesse você!
5.2.9 Belo Arizona
Ah, não quero pensar Quando chegar a hora de partir daqui Ah, o meu corpo chora sentido saudade Não querendo ir Meus companheiros sentirão minha falta Povo da ribalta Bye, bye, adeus Bye, bye já vou Belo Arizona de mi corazon Mi morada por un tiempo Bye, bye! Bye, bye, adios! Bye, bye já vou!
5.2.10 Nenen, A Flor Caicoense
Nenen, minha caicoense flor Neste meu pleito de ternura e forte gratidão Verto o mel cardiopata da minha emoção Para dar-te as minhas primazias de eterno amor O calor das tuas belas formas, inebriantes Despertou o fogo esquecido da minha liberdade Sinto despertar o privilégio da tenra idade Quero me perder nas tuas geografias ondulantes Um dia chegará em que retornarei a minha cidade Passarão muitos dias sem ver a tua linda face Por mais que eu queira inibir o meu disfarce Eu não posso conter a tristeza desse vil momento Para acabar de vez com esse péssimo sofrimento Para rever Nenen e matar minha eterna saudade
5.2.11 Horizonte
Vamos caminhar bem juntos Em nosso sonho de esperanças Criando alternativas certas Mantendo firme a confiança O choro pode se fazer triste à noite Mas a alegria vem pela manhã Queremos mesmo ser livres De toda uma filosofia vã Segure firme as suas lágrimas Segure firme em minha mão Deixa a sua porta aberta Permita-me entrar em seu coração Sabemos que está cançado De puxar o seu arado Divida comigo o seu peso Partilhe comigo o seu fardo É só confiar, pra frente Olhar de novo o horizonte Está nascendo uma luz Que brilhará prá sempre Segure firme as suas lágrimas Segure firme em minha mão Deixa a sua porta aberta Permita-me entrar em seu coração Já caminhamos tantas vezes Não deixe o sonho se acabar Chegou a sua vez agora De sorrir e de sonhar Diga ao seu vizinho do lado Está chegando um novo dia É hora de rever as coisas novas Novas cores e a alegria
5.2.12 A Preta Zefa
Vovó criou Zefa junta e unida a todos nós Zefa apesar de ter a pele bem pretinha Nenhum preconceito a gente tinha Mesmo quando a gente se entretia e ficava sós Pretinha era bonita e cheia de formosura Tinha mais força que um boi de capinadeira Tuas tetas eram mais duras que uma pedreira Os teus dentes reluziam a mais pura alvura Ó Pretinha! Como eu choro e sinto de ti saudade Fostes um presente de Afrodite à minha mocidade Fostes a vaidade mais cara que gozei em plenitude Entrei em teus caminhos de forma bruta e atrevida Talvez eu tenha sido uma página branca em tua vida Mas tu, com certeza, fostes a mais doce e bela negritude
5.2.13 Harém
Ah! Quantas mulheres tenho amado tanto Ah! Quanto pranto derramei por todas elas. Em cada canto do meu canto E em cada verso do meu fado Tenho-as guardadas no manto De tantos poemas eternos
5.2.14 Brasil Samba 10000
Samba que me grita apaixonado Descansa no silêncio do murmúrio Como toureiro que explode no delírio Como o colírio se expande dos seus olhos Porque choram de vontade Voar é o seu sonho peregrino É nacional o seu sangue prateado É namorado Da “Pantera Cor de Seda” Um cabaré em palco cinza Que reclama sua falta com saudade Dos aplausos nas alcovas se consagra Quantas bocas se abriram em sorrisos E se você se extinguir no modernismo Eu também morrerei Brasil samba 10.000
5.2.15 Dora
Ó Dora Dos olhos sem mágoas Eu vou nessas águas Encontrar meu céu Ó Dora, coração garrido Este peito sofrido Chora por você Ser sonhador Não é tão vergonhoso Um amor escondido Faz a gente viver Ó Dora, você torna a vida linda Cheio de amor É tudo prazer Por isso é que vive o poeta Seria bom se eu tivesse você!
5.2.16 Uma Canção Para Uma Mulher De 62
Ah! Como eu lembro de você bela mulher de 62, para alguns você é apenas mais uma no rebanho humano cumprindo os desígnios do seu tempo e colhendo os frutos das suas escolhas, mas eu ainda continuo vendo por entre as suas rugas e cicatrizes a beleza da sua alma e o cheiro doce do seu perfume natural de serra de encanto. Eu conheço o seu destino e você conhece o meu, pois somos frutos da mesma senzala e somos índios da mesma aldeia, trabalhamos na mesma seara. Ah! mulher de 62, você não sabe, mas eu te encantei em um dos versos de minhas canções e guardei a memória os doces acordes nas crônicas do meu coração, sim guardei no coração, pois é lá o lugar apropriado para guardar as coisas sagradas de sentimentos puros sem promiscuidade e sem a possessão do egoísmo humano, sim, no CORAÇÃO: a Terra onde todos são LIVRES para sonhar o que quiser, inclusive AMAR os outros de forma INCONDICIONAL.
5.2.17 O Último Voo Da Velha Águia Pau-ferrense
A Águia sempre foi considerada um animal Sagrado em todas as culturas deste planeta, dizem que é o único ser vivo capaz de encarar o Sol de frente e dos vertebrados o único que passa por uma metamorfose em uma única existência como a lagarta, entre tantas qualidades divinas, a Águia é um animal de grande porte, de costume solitário nobre e caráter singular. A nossa Águia Pau-ferrense fez agora o teu último voo e passa a trilhar o Caminho Azul do Espírito, sai de um mundo de provas e expiações para Esferas de padrão vibratório elevado e com certeza se apresentará ao Grande Espírito sem se envergonhar da missão que cumpriu, pois assim foi o teu ministério terapêutico, social, político e tantos outros adjetivos que não cabem nesse espaço grosseiro e impróprio para tal fim. Não vamos sentir muitas saudades de Ti, temos guardado em nosso coração a Tua Imortal Lembrança compassiva de Alma Boa e justa, seres da Tua espécie NÃO MORREM ZÉ, apenas mudam de estado como As BORBOLETAS e as ÁGUIAS. Boa viagem!!!!