Capítulo 9 O bom combate
9.1 Introdução
Às vezes, as pessoas fogem de suas realidades cármicas, e se defrontam com preconceitos inimagináveis. Algumas se acovardam dos seus próprios destinos, ou até mesmo, esquecem das Leis Cósmicas, esquecendo que sua vida é fruto do que foi plantado. Ao invés, se abraçam nas regras criadas pela própria sociedade, porque estas em alguns momento convém as suas necessidades. A Verdade é única, apesar de nem sempre ser conhecida. Mas em algum momento será encontrada. Em meio a tudo isso, Ciriégola convida ao desfrute do bom combate!
9.2 Poesias, prosas e textos
9.2.1 O Bom Combate
Estes versos são para o vulgo que por acaso tenha fugido Do compromisso fiel às raízes sagradas de um peregrino Pois o destino escabroso e abrasador que espera este lupino É a lança afiada e altiva da Lei em defesa de um justo traído A mente torpe do desonesto calculista acredita ter nascido Aqui, para levar vantagem em tudo e até mesmo no seu tino Não sabe o abismo e o pesadelo que contrai este infeliz menino Mergulhando a consciência devedora num vendaval indefinido Mas o bom combate se resume na tolerância e na compaixão Onde o bucaneiro se recolhe na insignificância da sua vã razão Para sentir de Deus seu amor e a força do martelo do tribunal Que eu seja complacente com esta criatura que ensinei a sonhar Mas que aprenda na sua ignota vergonha para nunca mais errar E nem mais nunca se apodere da honra de quem nunca lhe fez mal
9.2.2 João Evangelista
Da minha infância frívola e itinerante Trago matizes de lembranças e companheirismo infindo. De lembranças e companheirismos faço lembrar Meu amigo João, atualmente João Evangelhista. Antes, João de coração generoso e fagueiro, Tinha Hábitos Cativantes. Era zagueiro hábil e famoso na Vila do Sossego, Primogênito genuíno na cidade dos homens livres E certamente o maior e perspicaz pescador de tucunaré. Mas a normose de uma sociedade moderna e americanalhada Fez João conhecer a crise existencial da sua segunda idade, A idade do lobo, a idade da auto cobrança. E assim João teve depressolidão, No entanto encontrou a “fé”, a religião. E João passou a ser João Evangelista, E João passou a jogar noutro time E João passou a ser pescador de almas. Não raro vejo João nas tabernas, prostíbulos e feiras populares, Conversando com citadinos sobre as delícias do paraíso E a danação eterna para aqueles que não seguirem o evangelho. Não raro João conjectura sobre minha possível conversão, Não raro João terá possível decepção. João se esqueceu que a mudança é atemporal e ignota Só pode existir no coração do homem. João se esqueceu que, com evangelho ou sem evangelho, Jamais escaparemos do julgo das nossas falhas. O paraíso ocioso das religiões tem embrutecido o homem Cada vez mais no capitalismo senil das suas crenças. Não João! Jamais serei vingador e ciumento como Jeová Nem darei para Ele meu primogênito em sacrifício. Não João! Não posso temer o inferno, Pois é para lá que todos iremos, mais cedo ou mais tarde. Não João! Não posso temer a morte nem o juízo final, Sou consciente da minha imortalidade e do meu livre arbítrio. A única coisa que você e seu evangelho pode modificar em mim É a vontade de amar mais ainda: você e ao meu semelhante!
9.2.3 As Lágrimas De DAEMON
Enxuga tuas lágrimas meu caro Gênio, Demônio é tão somente a visão do clero Para tua alcunha diáfana e sombria. Dia chegará quando encerrar a fantasia De toda maldade humana clerical Ao sepulcral desvelo será dado como findo Toda tua personalidade hedionda que não é tua. Vejo nos relatos da liturgia puritana A imputação de tanta barbárie ufana, Até mesmo a pretensão incauta e mesquinha De destronar o paradigma divino que avizinha, A eternidade eminente da criatura humana, Deram-te o mais negroso e cruel ofício. Não, se o Grande Espírito é sábio e amoroso Jamais idealizaria um rebento perspicaz e odioso Para Lhe onerar a tão imaculada bondade e doçura. Eu também, ó Daemon, Como bom pagão e heresiarca Jamais te imputei o insucesso das minhas dores e fracasso Ao passo que os fanáticos de sanguinolenta estola Atola o teu nome num lugar de tormento e pranto. Dia chegará em que cumprida a Lei de Causa e Efeito Ó Daemon , te sentarás para sempre ao lado direito Do nosso Pai para amar a vida de forma soberana. Sendo nós, do Criador, criaturas, Reflexo de um Poder cheio de pureza e perfeição Certamente, meu irmão, seremos para sempre irmãos Terás um papel novo nas escrituras E nunca mais a Terra saberá de amarguras. E assim prosseguirá belo e inexorável o poder da criação.
9.2.4 A Política
Essa fera hedionda, pornográfica e libertina Tem tolhido os sonhos do ideal de liberdade Dos jovens dessa pátria, ainda sem maldade O latrocínio, o sadismo tem virado uma rotina Assembléia bucaneira de lupinos, decidem astutos Suas medíocres vaidades, suas utopias torpes insanas São perversões abortivas de atitudes senil desumanas De híbridas promessas plantadas em solos devolutos Como se não bastasse a perversidade parlamentar Criaram Leis Obrigatórias, de iminência a executar Um voto sem acerto e sem escolha de direito Como se pode escolher o que não tem qualidade Sem nenhuma identificação com a plena liberdade A escolha d’algo que para mim está cheio de defeito?
9.2.5 Cão Branco I
Ó Cão branco, quando por aqui chegaste Esta terra, ao meu povo, ainda pertencia Não existia doenças, maldade nem covardia Não se sabia a razão da flama que fincaste Vituperaste nossos rios com as tuas sujeiras Com brejeiras falas corrompeste nossa fé Roubaste nosso ouro pelo tráfico da maré Nossas mulheres foram tuas companheiras Mas, vós esquecestes a sina de tua maldição O sangue que tu sujaste na torpe miscigenação Nascerá em teu domicílio doravantemente Mesmo que olhos claros nasçam em fina pele escura Estes carregarão nossos dons e nossa cultura Limparão nosso sangue e a genética definitivamente
9.2.6 Cão Branco II
Cão branco, maldição mesquinha do velho mundo Hoje nossa tez não comporta mais o vermelho Podemos ver outros matizes no espelho Herança do gameta perverso e nauseabundo Caraíba maldito, faca afiada de taquara Trouxeste tua igreja pelos lados hodiernos Muitas nações desceram por ti aos infernos E o teu crucifixo queimou toda a nação potiguara Os meus antepassados já te perdoaram por certo Mas eu sou um pecador de ferida e peito aberto Não sai fácil a mágoa por ter perdido minha terra Não sinto muita dor por ter sofrido tanto Pouco importa que escorra o meu pranto Pouco importa que meu sangue partilhe dessa guerra
9.2.7 As Religiões
E Benaleph perguntou para o vate: “Que dizes tu, ó honorável bardo, das religiões?” “As religiões são como sapatos velhos durante uma caminhada longa, têm certamente a sua serventia, mas, como todas as coisas, estão sujeitas a ação do tempo, chega um momento em que devemos descartá-las, porque mesmo servindo em nossos pés não nos serve mais no concurso de um sistema social. Devido a insensatez e mediocridade humana achamos que descartando os sapatos estaremos inexplicavelmente jogando fora uma parte nossa, então supomos que a nossa melhor atitude e generosidade falsa é doá-los ao primeiro indigente que passar em nossa porta sem sabermos pelo menos o tamanho dos seus pés. Dolorosamente compreenderemos mais tarde que os sapatos os quais nos servia não nos serve mais e nem serve nos pés do indigente. A moral do discurso é que não devemos oferecer nossas religiões a outrem sem saber do tamanho das suas necessidades.”
9.2.8 Bucaneiros
Eu queria tanto vê-lo, seu inveterado parlamentar No sol quente agarrado ao cabo longo de uma enxada O carrapicho nos pés e a mão sangrando e calejada Olhando no horizonte se a chuva vai custar a chegar Eu queria tanto ver seu filho na fila de um hospital Sem assistência ou numa escola sem teto e sem segurança Voltando pra casa desnutrido, sem fé e sem esperança Num outro dia de mesmice cuja miséria e um longo recital Eu queria tanto vê-lo recebendo uma parca aposentadoria Esperando um remédio de coração sem bula e sem vistoria Que falta sempre e sem dúvidas nas farmácias estaduais Talvez um dia o despertar politico chegue ao meu povo Assim a cidadania não permitirá que aconteça de novo E jamais elejam esses bucaneiros, para sempre nunca mais
9.2.9 Irmãos De Cativeiro
Muitos de nós descobrimos, desde cedo, o Caminho que devemos trilhar. Porém a auto sabotagem advinda de Forças Externas densas, junto aos compromissos com a cultura dos homens nos fazem PROCASTINAR nossos ideais de existência sem esperanças de um futuro inexistencial. Assim, nos apegamos a fé nos dogmas e numa política que tudo o que deseja é vampirizar “o rebanho”, mantendo-o enclausurado nessa SENZALA democrática. Resta-nos refazer o Caminho de volta para aprender o que as escolas não podem lhe ensinar nem o clero pode lhe conceder. O que resta dessa atitude é o SACRIFÍCIO que todo ser humano tem de enfrentar. Agarre-se a ELE mesmo antes que a cretinice humana lhe ameasse destruir, pois o pior que ela pode fazer é colocar-nos frente a frente com a nossa LIBERDADE ETERNA, ou seja, somos ENERGIA e ENERGIA não se pode DESTRUIR.